- #gravidez
- #parentalidade
- #conjugal
Olá! Hoje, comecei logo com o pé esquerdo, com uma mentirazita, não vai ser só hoje. Hoje e para a semana, vamos falar de parentalidade, portanto, nada na manga. A quem o tema não interessar, pode tirar 15 dias de férias.
Agora, uma precisão: eu disse “parentalidade” e não “paternidade”. Porque é que isto é importante? Quando falamos de parentalidade, estamos a falar dos 2 pais, de sexo diferente, do mesmo sexo, não interessa, mas estamos a falar do casal, lá para a frente veremos que há situações, por exemplo, nas famílias monoparentais em que um dos membros do casal, ou completamente ou em parte, assume o papel dos dois. Mas, se pensarmos um bocadinho, pelo menos com o primeiro filho, poderíamos dizer assim: todos nós, em termos de parentalidade, ou seja, do que é necessário fazer para os nossos pimpolhos crescerem de uma forma adequada, dizia eu que, se calhar, para o primeiro filho, todos nós podemos dizer que eramos virgens, é o primeiro e não raro ouvimos dizer que o segundo e o terceiro sentiram menos holofotes em cima deles, cresceram até de um modo mais descontraído, pobre de mim que sou filho único. E é verdade, mas, se repararem, quando nós chegamos à altura de tomar a decisão, claro que há gravidezes acidentes, ninguém está a dizer o contrário, mas, quando se toma a decisão de ter um filho, nós não somos completamente virgens.
Desde logo, como diria o Sr. La Palice, nós também fomos filhos de alguém, nós também crescemos, nós também tivemos um ambiente parental. E depois tivemos fantasias sobre se queremos um rapaz ou uma rapariga, como é que gostaríamos que ele fosse, como é que achamos que o vamos educar. Olhe, não é assim tão raro ouvir alguém dizer: “Não, não, não. Eu quero que os meus filhos cresçam de uma forma diversa daquela que eu cresci e cada um terá as suas razões para dizer isso. Mas isso significa que nós chegamos à altura da gravidez, lá chegaremos ao parto também, mas à altura da gravidez com um lastro sobre o que é isso de ser pai e mãe, sobre o que é isso de educar uma criança. Porque é que eu me retive na gravidez? Desde logo, porque os meus colegas que se debruçam sobre essa parte do nosso trajeto de vida, dizem, e com razão, que devia haver mais estudos sobre o desenvolvimento psicológico dos homens durante a gravidez. É natural que na gravidez estejamos sobretudo centrados na mulher, não é? Qual é a barriga que cresce? Em que útero está o pimpolho? E, portanto, é importante verificar, ao longo dessa gravidez, o que vai acontecendo em termos de fantasias, em termos da relação do casal. E permita-me que faça aqui um parenteses muito importante: uma coisa é a parentalidade, outra coisa é a conjugalidade – conjugalidade com papeis assinados ou sem papéis assinados, se quiseram assim. Uma coisa é sermos pais e mães, outra coisa é sermos um casal e vamos ver que articular os dois aspetos nem sempre é um paraíso. E depois chega a uma altura em que Sua Majestade O bebé, como dizia Freud, faz a sua aparição.
E dá que pensar, quando vários estudos dão resultados próximos e dizem que 20% dos casais se separam nos primeiros 12 meses após o parto. 20% é muita gente, em cada 5 casais, 1 casal. Será este período um período particularmente stressante? Alguns de vocês dirão: “O quê? Depois de ter um filho?” Bom, as pestinhas são um fascínio, as pestinhas são a luz dos nossos olhos, as pestinhas dão uma trabalheira desgraçada e ocupam muito tempo, o tempo dos relógios e o tempo psicológico, e, portanto, nestes tempos iniciais pode haver, a nível da conjugalidade, como vos dizia, portanto, a nível do casal, muitos problemas, causados pelo cansaço, por noites mal dormidas. Em termos sociológicos, por haver, em geral na mulher, alguém que sente que o outro não partilha as tarefas do mesmo modo que era esperado. Do lado do homem, ciumeiras fortíssimas porque se acha, de uma forma consciente ou inconsciente, que a mãe está completamente dobrada amorosamente sobre a criança e só falta pormo-nos em bicos de pés e levantar o dedo e dizer: “E eu? E eu? O tempo que tinha para mim antes, agora não é mesmo”.
Isto é uma situação geradora de stress e lá estava o que eu vos dizia, a parentalidade e a conjugalidade em rota de colisão nalguns casais. São duas pessoas com a criança? São. Só? Em geral, não, porque as nossas tribos, muitas vezes, também ou se metem ao barulho, e toda a gente tem opiniões sobre como deve ser o cuidar da criança e mais tarde o educar, ou então estão afastadas, não podem dar apoio nenhum, e aqui temos um dos problemas relacionados com a parentalidade, que é casais jovens, falaremos, se tivermos tempo, de gravidezes mais tardias, casais jovens que nos dizem: “Já não me lembro de ir ao cinema. Não jantamos fora os dois sozinhos seguramente há 1 ano/1 ano e meio”. E isto pode prejudicar o casal porque tudo gira à volta do bebé. E, quando vamos ao dicionário, esta questão da parentalidade está muito vocacionada e bem, é a visão clássica, para os primeiros tempos, para a infância, se quiserem e para tudo aquilo que é a educação dos pimpolhos.
Há, se quiserem, aspetos fundamentais. Vejam o problema da disciplina: porque é que haveríamos de pensar que os dois pais estão sempre de acordo em relação à disciplina, em relação ao regime alimentar, etc. O meu querido amigo, o professor Octávio Cunha costuma dizer aos pais, quando eles aparecem com os recém-nascidos, costuma-lhes dizer assim. “E agora chegou a vossa casa o maior manipulador da história”. As crianças têm muito pouco poder em relação a nós, o que têm, utilizam-no e um dos poderes que elas têm é que pressentem perfeitamente quando nós os adultos estamos em desacordo. O que é que eles fazem? Atacam aí no meio, dividem-nos e escolhem qual é o parceiro preferencial. O que significa que, quando nós não estamos de acordo quanto ao colégio para onde ele vai, quanto às notas que tirou, quanto aos amigos que tem, etc., isso é para ser discutido entre nós, e depois é preciso uma frente unida em relação à nossa garotada.
Pronto, ficamos por aqui, mas vamos continuar a falar do mesmo tema, da parentalidade.
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